quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pensar na vida é conflitante. Não só na vida em si, mas no que almejamos para nós e para o mundo, sendo que isso está refletido no nosso dia-a-dia a cada escolha. O que mais me dói hoje é observar o comportamento daqueles que são o futuro do presente, com os quais convivo. Sinto uma grande necessidade de expressar o que sinto, vejo, ouço, penso, uma grande vontade de compartilhar tudo aquilo que pode ser complementado a outras visões de mundo e outras idéias. Tem dias que são tão tristes. São aqueles marcados pela distância daqueles que consigo conversar sobre qualquer assunto e com os quais tenho a sensação de múltiplicidade, me sentindo múltipla. E,normalmente, esses dias são acompanhados de um questionamento interior enorme, solidão, medo, ansiedade, saudade, vontade de sair pelo mundo,tudo isso misturado e separado ao mesmo tempo. Ando um pouco intolerante a pessoas que afirmam e julgam posições das quais não parecem conhecer ou sequer demostram vontade de querer conhecer para assim criticar (a crítica se faz muito necessária, quando feita a partir de um conhecimento do assunto). No entanto, essa intolerância se agrava quando sinto uma posição irredutível da pessoa, quando ela está fechada a conhecer determinado assunto, o que talvez seja a pior parte. Tenho ciência da minha ignorância sobre muitos assuntos, também cometo o erro de criticar o desconhecido, mas sei da minha deficiência e procuro mudar. Ao mesmo tempo temas, debates, diálogos, conversas tão interessantes e importantes para jovens terem andam rareando na minha percepção diária. A riqueza de estar entre pessoas diferentes é inenarrável, diferenças em todosos sentidos. Para mim isso tráz uma enorme diferenciação de quem eu era há pouco tempo e hoje não sou mais. E a riqueza só se concretiza quando aprendemos a lidar com as diferenças, ou seja, quando aprendemos a ter respeito e humildade. Digo tudo isso pois não suportaria o peso de viver - sem nada apreender da troca de experiência e de vivência - em vão.
Claudia Labate

***texto antigo com algumas modificações pra não ficar tão aborrescente!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Entre Gares

Pela fresta
que se fez no metal.
Daqui eu vejo
aquela esticando roupas na laje,
árvore de tronco,
o andar do prédio,
o teto de amiando
que cobre a parede aparente,
a folha da bananeira,
fios de alta tensão
imersos em fumaça.
Do lado de dentro
dois leitores,
estudantes exaustos,
crianças, idosos,
brancos, negros, amarelos,
loiros, morenos,
solteiros acompanhantes
e acompanhados.
Vejo música mas não a ouço.
Me calo diante
de tanto ter a dizer.
Tanto que digo mais
e sigo adiante,
não dizendo mais nada.

Claudia Granha Labate